sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Gaza - Crueldade Humana e Cumplicidade Intolerável

O antigo presidente Jimmy Carter declarou recentemente que o bloqueio contra a Faixa de Gaza, imposto pelo Quarteto após a vitória do Hamas nas eleições de 2006, era «um dos maiores crimes do mundo contra a humanidade» porque significava «o aprisionamento de 1,6 milhões de pessoas, das quais 1 milhão são refugiados (…)

Em Gaza, a maior parte das famílias não come mais do que uma refeição por dia. Ver os Europeus acomodarem­‑se a isso é desconcertante». A uma questão que lhe foi colocada sobre a possibilidade que os Estados europeus têm de romper com a atitude imposta pelos Estados Unidos, Carter respondeu: «Porque não? Eles não são nossos vassalos. Ocupam uma posição de igualdade em relação aos Estados Unidos».

O arcebispo Desmond Tutu, Prémio Nobel da Paz sul-africano, deslocou­‑se recentemente a Gaza, no quadro de uma missão de três dias a pedido do Conselho dos Direitos Humanos da ONU. «Toda a situação é abominável», declarou. «Pensamos que os cidadãos israelitas comuns não suportariam este bloqueio, este cerco, se soubessem o que ele significa realmente para as pessoas comuns como eles». A comunidade internacional também está em falta, disse ele, pelo seu «silêncio e a sua cumplicidade».

Mas estas vozes continuam a ser infelizmente demasiado raras e isoladas. Apesar dos seus apelos, nada se altera, e os meses passam. Israel mantém Gaza bloqueada; com falta de água, de alimentos, de medicamentos as pessoas enfraquecem, definham, morrem.

No momento em que escrevemos estas linhas, em Gaza, há mães que põem no mundo crianças condenadas antes de nascer. O número de crianças que morrem à nascença devido à desnutrição aumenta. Muitas das crianças sobreviventes são anémicas, porque a própria mãe foi subalimentada durante a sua gravidez.

Imaginem a apreensão dos pais, a angústia das mães no parto! Há de 9.000 a 10.000 recém­‑nascidos em Gaza cada mês.










É um crime abominável! Estas crianças deverão suportar toda a sua vida as sequelas desta situação. Pois as suas células cerebrais já sofreram danos irreparáveis.












A maioria das crianças com idade inferior a cinco anos encontra-se subalimentada, porque privadas de alimento por decisão do Governo e do Estado-maior israelita! Os líderes israelitas sabem perfeitamente o que fazem: sem o declararem, contribuem através desta medida cruel para comprometer a vida das crianças palestinianas de forma irreversível. E ninguém parece ter pressa de acorrer em socorro destas crianças!

Desperate wait with power interrupted, 12-year-old Maher Al-Assali needs his siblingsto pump air into a hole in his neck when his ventilator cuts out.

Photo: Reuters


A situação em Gaza tornou-se intolerável. Eis o que nos dizia, noutro dia, um habitante de Beit Hanoun: «Chegou-se para além do suportável. Sem electricidade, sem combustível, sem gás, sem comida, sem água potável, sem salário; não se tem nada; é indescritível. E nem a Europa, nem os Estados árabes reagem, como se a Faixa de Gaza já tivesse sido riscada do mapa!»


Quando se trata da sobrevivência dos palestinianos, que Israel submete à fome e assassina, os responsáveis políticos permanecem quietos; e os meios de comunicação social não produzem uma informação que permita às pessoas dar-se conta da gravidade da situação. Mas as imagens terríveis existem, os atrocidades foram descritas, e quem quiser realmente tem a possibilidade de saber o que se passa.

Desde logo, todos aqueles que se indignam retrospectivamente pelo silêncio e a passividade dos seus avós perante as práticas concentracionárias dos nazis, mas que nada fazem para denunciar a situação que é imposta aos palestinianos, nem para obrigar Israel a mudar de política, deveriam começar por limpar a entrada da sua porta. Contrariamente aos seus avós, eles dispõem de todas as informações. O seu silêncio e a sua passividade não são mais do que uma cumplicidade no crime.

Dead Baby

POR: Silvia Cattori http://www.silviacattori.net/article507.html


Não poderia deixar de registrar aqui minha indignação e tristeza diante da indiferença da humanidade, mas ainda tenho a esperança de vivermos em um mundo novo repleto de paz.

Marcadores:

0 Comentários:

Postar um comentário

ESTRANHOU? COMENTE AQUI

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial